*Escrito em
15 de Setembro de 2014.
Antes de
qualquer coisa, eu devo confessar que gostaria muito de ser um homem de uma
metáfora só. Acho que se eu baseasse as minhas concepções de vida em apenas uma
imagem abstrata, eu não teria essa compulsão por procurar outros significados
escondidos em situações adversas. E acho que também seria uma ótima base na
qual eu poderia apoiar meu futuro comprometimento por uma garota só, em vez de
ficar procurando por outros significados escondidos em relacionamentos
imaginários. Mas nada disso realmente tem a ver com o que aconteceu desta vez.
Quer dizer, tem um pouco a ver. Porque, bem como já é de costume, não foi
apenas uma situação adversa que aconteceu. Foi uma metáfora. E das grandes.
Viajar para Londrina de carro com o meu pai já provou ser uma
situação adversa por si só. Mas acho que entre tantas idas e vindas naquele mesmo
ano, nosso roteiro de viagem parecia não incluir mais silêncios constrangedores
duradouros e discussões que acabavam sendo mediadas por pedágios – porque eu
precisava parar para contar moedas pra ajudar a pessoa do guichê a devolver
nosso troco. Agora nossas jornadas incluem desde trilhas sonoras personalizadas
até lições valiosas de vida. E desta vez quis a vida que eu tivesse uma
experiência mais memorável do que apenas descobrir que meu pai e eu temos o
mesmo gosto musical. Desta vez a lembrança ia ser sobre uma lição de vida, uma
revisão sobre mecânica básica e solidariedade.
- Pai, eu
estou com um problema. Na verdade, não é um problema. Mas eu sendo do jeito que
sou, tornei algo que não era um problema em um problema. Então é, eu tenho um
problema. Não o meu problema em transformar coisas em problemas, mas o problema
produto disso.
- É,
realmente você tem um problema, filho. Mas diga aí.
-
Ultimamente eu andei pensando em relacionamentos. Mas precisamente, sobre não
ter um. No começo eu achava que era porque eu gosto de estar solteiro. Ou de
estar sozinho. Gosto da liberdade, por mais que não a use tão bem quanto
poderia.
- Ok...
- Mas eu
gosto de não precisar dar satisfações pra ninguém. De sair pra onde eu quiser,
a hora que eu quiser, com quem eu quiser. E eu odeio precisar de outra pessoa. Sabe
que eu não sei pedir ajuda, ou reconhecer meus limites, ou admitir derrota...
- Um
relacionamento não é isso, Igor. Não é ser limitado por outra pessoa, nem
precisar de outra pessoa. É querer estar com outra pessoa. É querer
compartilhar essa liberdade com outra pessoa. É saber reconhecer que... Que
barulho é esse?!
Um estralo bem alto vindo de dentro do capô faz com que o carro
desacelere aos poucos, até obrigar meu pai a parar em um acostamento
improvisado de terra que fica entre uma descida para um sítio e uma árvore
solitária.
- Era só o
que me faltava.
- O que foi
isso, pai?
- Eu não
sei, Igor. Se soubesse, não teria parado.
- Acho que é
de você que eu herdei o meu sarcasmo...
- NÃO
COMEÇA!
Descemos do carro. Meu pai abre o capo e investiga até encontrar o
problema: uma das velas ligadas ao motor se soltou. Meu pai tenta encaixá-la
com a mão e volta para dentro do carro para tentar dar a partida. Outro estralo
alto acontece, e a vela é desencaixada do motor em um disparo.
- Estragou a
vela.. E não sei porque estou te dizendo isso. Você nem deve saber do que eu
estou falando.
- Eu também
te amo, pai. Agora me explica direito.
- Sem a
vela, o motor não funciona. Se o motor não funciona, o carro não anda. Eu não
consegui encaixar só com a mão. A gente precisa de uma chave para isso, mas eu
estou sem nenhuma ferramenta aqui. Quer ir a pé, ou prefere voltar pro carro e
procurar o recibo do último pedágio?
- Pra que?
- Lá tem um
número para ligar em caso de emergências. Nunca me aconteceu nada até hoje para
que eu precisasse ligar. Vamos ver como é...
Meu pai liga para o número, que por acaso é um 0800. Números do
tipo 0800 nunca me inspiram muita confiança. Isso foi confirmado quando meu pai
resmungou algo depois de finalmente conseguir barras de sinal o suficiente para
ligar, e descobriu que para ser atendido por alguém, precisava teclar 1. E depois
de resmungar por não conseguir achar o teclado do seu telefone para teclar 1,
falou com uma atendente que registrou a ligação e disse que já estava enviando
alguém para nos ajudar. Independente da minha natureza pessimista e caótica, a
ideia de passar um tempo indeterminado parado em um acostamento improvisado em
algum lugar nos arredores de Campo Mourão inspirou a minha impaciência a se
manifestar:
- Será que
eles demoram?
- Acho que
não. Não faz muito tempo que passamos por um pedágio. Deve levar uns quarenta
minutos, uma hora, por aí...
- Uma hora?!
- Você pode
ir a pé se quiser.
- Ok, uma
hora...
***
Antes de investigar o motor, meu pai abriu o porta-malas para
conferir se estava com suas ferramentas. Deixou sua porta aberta depois que a
vela disparou pela segunda vez. Até nos conformarmos de que poderíamos ficar
ali por algum tempo, meu pai deixou todo o carro aberto. O rádio ainda estava
ligado, tocando as músicas do pen drive que eu trouxe para a viagem. Ouvir
música era só o que podíamos fazer enquanto esperávamos pela ajuda. Voltei para
o meu lugar no carro, pensando se talvez teria sido melhor ficar em casa, ou se
era eu quem tinha o dom de atrair problemas e situações adversas. E continuei
aumentando o tamanho do problema na minha cabeça, enquanto meu pai caminhava
aleatoriamente pelo acostamento até que um carro passou por nós lentamente e
deu ré até se alinhar ao andar do meu pai.
- Ei, você
que é o Souza?
- Souza?
- É, Souza.
O dono desse sítio que fica nessa descida de terra aqui, do lado daquela árvore
ali. Eu te liguei mais cedo sobre um motor de trator.
- Não, não
sou eu... Meu nome é Marcio. Eu só estou aqui porque o meu carro deu um
problema no motor. Eu e meu filho ali estamos esperando a ajuda chegar.
- Um
problema no motor, é? Que coisa. Mês passado mesmo tive que mandar arrumar meu
cabeçote. Gastei uma nota só, chê! Aliás, pode me chamar de Gaúcho. Então, como
eu dizia, meu cabeçote deu pau e tive que ligar para um conhecido meu que é
mecânico. Resolveu na hora, uma beleza de serviço. Só teve que cobrar um pouco
a mais porque teve que trocar a peça. Se fosse só pela mão de obra, o cara dava
uma maneirada. Aliás, espera aí que eu vou dar um toque pra ele. Quem sabe ele
não resolve o problema de vocês?
- Olha, se o
senhor puder me ajudar...
- Gaúcho,
chê!
- Senhor
Gaúcho.... Se o senhor puder nos ajudar, eu agradeço muito. Não estamos nem na
metade do caminho da nossa viagem ainda.
- Guenta aí!
Eu fiquei observando a conversa entre o “senhor Gaúcho” e meu pai de longe. Estava ocupado demais tentando
fugir dos mosquitos borrachudos que subitamente começaram a agir em conjunto em
uma missão de me devorar por inteiro, uma picada aleatória de cada vez. Até
preferi deixar só o meu pai falar, porque segundo relatos dos meus amigos, minhas
caretas não me deixam mentir sobre o que eu acho das pessoas e das coisas ao
meu redor. Sem sombra de dúvidas, conversar com o “senhor Gaúcho” em um acostamento improvisado durante uma tarde
exageradamente ensolarada de sexta-feira, e ouvi-lo falar sobre o “pau no cabeçote” que ele sofreu tempos
atrás, iria gerar uma careta que talvez o fizesse desistir de ligar para o tal
mecânico. Ao desligar o telefone, depois de gritar seu sotaque com ele no
telefone, ele continuou a falar com o meu pai:
- Acabei de falar
com o Augusto – pelo visto o nome do mecânico era Augusto, e o “senhor Gaúcho”
não era muito fã de contextos – e ele vai
vir aqui dar uma olhada no problema de vocês. Agora você me dá licença, seu
Marcio, que eu preciso achar esse tal de Souza pra ver se consigo vender um
desses motores ainda hoje!
- Claro,
claro, tudo bem, Gaúcho! Muito obrigado pela sua ajuda!
Meu pai, antes de dominar a arte do empreendimento, é um
cavalheiro nato. Em uma pequena troca de falas gritadas com o “senhor Gaúcho”, ele já o considerava
muito por ter parado e, mesmo depois de descobrir que não estava falando com o
tal Souza, ainda se dispôs a terceirizar outro pedido de ajuda para nós. Quando
o Gaúcho voltou para a estrada à procura de outro homem andando aleatoriamente
no acostamento que se chamasse Souza, meu pai voltou para perto do carro, onde
eu estava:
- Quem
diria, não é?
- É, quem
diria...
- Onde está
seu desgosto por precisar das pessoas agora?
- O que?
- Ué. Você
disse que odeia precisar das pessoas. Não levou em conta situações como essa,
né?
- Uma lição
de vida? Aqui? Agora? Sério?
- Você se
preocupa demais com a vida, filho. Tem só 22 anos. Pra que esquentar a cabeça
tanto assim? Deveria sair, se divertir, namorar, curtir... Com moderação,
claro.
- Isso aqui
é uma exceção. Estar parado debaixo do que parece ser a única árvore dessa
parte da estrada esperando por dois mecânicos diferentes não tem nada a ver com
o que eu estava falando sobre relacionamentos.
- Por que
não? Não é você que vive falando sobre relacionamentos, comportamentos, e todas
aquelas coisas de psicologia lá? É disso que a gente está dependendo aqui,
agora.
Eu estava prestes a recuperar o fôlego que perdi enquanto ainda
tentava me defender dos borrachudos para rebater o sermão do meu pai, quando o
mecânico do 0800 do pedágio apareceu. Estacionou o carro do lado do nosso no
acostamento improvisado, mas demorou uns cinco minutos para descer do carro.
Pelo que parecia, estava preenchendo uma série de relatórios sobre a nossa
ocorrência. “Até ele preencher toda a
papelada que precisa, a gente já foi embora”, resmungou o meu pai. Entre o
empreendedorismo e o cavalheirismo, meu pai ainda era um pai. Finalmente, o
mecânico desceu do carro, com um sotaque ainda mais carregado do que o do “senhor Gaúcho”, só que puxando para o
nordestino.
- Tarde,
pessoal. Deu buxa no motor?
- Pois é – respondi,
antes que meu pai pudesse colocar seu cavalheirismo em ação. Tudo para ganhar
tempo para rebater aquele argumento.
Antes de sequer olhar o capô aberto do carro, o mecânico que ainda
não tinha nome nos pediu uma série de informações sobre o veículo, sobre nosso
endereço, telefones, e aproveitou para puxar conversa fiada sobre a nossa
viagem. Ao revisar a tal queixa sobre a vela do motor que lhe foi passada, logo
disse:
- É, ela
soltou mesmo. Não vai ter como seguir viagem. Não adianta nem usar a chave pra
apertar. Vai ter que mexer no cabeçote, mas não estamos autorizados a mexer no
carro. Normas do serviço, para evitar danos ou processos, entendem? Vou chamar
o guincho pra vocês, ok? Deixa só eu conferir no GPS aonde vocês estão e...
Achei! Quilômetro 157. Beleza, então. Ligo do caminho, pra ir acelerando o
processo. Só não sei quanto tempo vai demorar. Mas aguentem aí, ok? Obrigado!
Em algum momento do monólogo definitivo do mecânico, meu pai
perguntou seu nome. Eu não me lembro do nome, porque estava ocupado demais
sobre como cabeçotes de carro parecem ser mais problemáticos do que eu. Quando
ele voltou para a estrada, meu pai voltou ao nosso assunto:
- Não botei
muita fé nesse daí não.
- Mas ele é
o mecânico da empresa do pedágio.
- O mecânico
que nem pode mexer no carro serve pra que?
- Ok, ok.
Mas quem você acha que vem primeiro? Já que nossa ocorrência já atraiu a visita
de dois mecânicos e um guincho?
- Acho que o
Augusto vem primeiro.
- “O
Augusto”? Você nem conhece ele. E se não vier?
- Botei fé
no Gaúcho.
- Este é
você tendo fé na humanidade, para me mostrar como as pessoas precisam de
pessoas e tudo mais?
-
Exatamente. Onde foi que paramos?
Meu pai deu um sorrisinho irônico que, mais ironicamente, eu
estava acostumado a ver só no meu reflexo. Ao fundo, o pen drive no carro
estava tocando “Dancin’ Days”. Meu
pai começou a dar alguns passinhos de dança, que só serviram para me provocar
ainda mais. Estava sendo um dia daqueles, e por mais que custasse a admitir,
queria muito que o Augusto chegasse primeiro. Também tinha botado fé no Gaúcho.
***
Antes que meu pai pudesse retomar seu sermão, uma Honda Biz surgiu
rapidamente e desacelerou até chegar perto de nós para perguntar se ele era o
Marcio sobre o qual o Gaúcho tinha falado. Era o Augusto, armado com sua caixa
de ferramentas e maior disposição para ajudar do que o último mecânico. Ao
contrário dele, Augusto era quieto e pacato, e analisou as peças do motor com
as mãos até concluir que aquela vela tinha concerto sim – era só usar a chave
certa, que por acaso tinha ficado para trás na oficina. Augusto montou de volta
na moto e avisou “volto já!” antes de
desaparecer no horizonte da estrada.
A essa altura já deveria ter passado cerca de uma hora. Não
acompanhei o tempo da nossa parada não planejada no relógio, porque estava mais
preocupado em matar os borrachudos que tinham conseguido entrar no carro antes
que eu o fechasse para me refugiar. Quando vi que as coisas não ficariam mais
fáceis do lado de dentro do carro, saí novamente e comecei a andar
aleatoriamente em círculos, impaciente pela volta do Augusto, enquanto meu pai
pôs-se a caminhar novamente pelo acostamento. Provavelmente estava distraído,
porque não viu quando um trator apareceu na entrada do sítio ao lado da árvore
solitária, em direção à estrada, e seu motorista começou a falar comigo,
inexplicavelmente com outro sotaque carregado, só que desta vez, indecifrável:
- Oxê, o
carro de vocês deu problema?
- Deu, deu
sim. Mas já fomos socorridos. Apareceu um mecânico, depois que um outro
motorista parou para nos ajudar. Enfim, longa história. Mas já estamos bem,
obrigado!
- Ah, tudo
bem, então. Precisando de alguma coisa, é só descer até o meu sítio ali em
baixo. Meu nome é Souza, viu. Agora me dá licença que preciso ir encontrar um
tal vendedor que ficou de me mostrar umas peças de trator e até não apareceu
até agora.
- Na
verdade, foi com ele que a gente falou. Ele foi por ali – e apontei
para o horizonte, como quem queria ajudar de alguma forma para retribuir a
quarta oferta de ajuda que recebemos desde a parada brusca.
Pouco depois do Souza também desaparecer no horizonte da estrada,
meu pai voltou a caminhar pela minha direção e nem reparou que eu estava
conversando com o motorista do trator, que por acaso era o Souza que o Gaúcho
estava procurando antes de parar para nos ajudar através do Augusto. Foi aí que
eu finalmente parei para perceber o quanto estávamos sendo ajudados por pessoas
desconhecidas, enquanto eu ainda achava complexo demais pedir ajuda dos meus
amigos, dos meus pais, ou até de me atrever tentar algo a mais com aquela
garota. E o quanto minha desabilidade de transformar coisas pequenas em
problemas já tinha passado do ponto de ser considerada uma simples neurose,
para ser algo realmente problemático.
Enquanto eu ligava os pontos da minha própria irreverência, o
Augusto apareceu de carro acompanhado pela sua esposa, que ele logo justificou
ter demorado para voltar porque precisava buscá-la do trabalho dela. Foram
questão de minutos para que o Augusto resolvesse o nosso problema com o apertar
de uma chave na vela, cobrasse menos do que eu esperava que ele poderia pedir
pelo serviço e pelo transtorno, e nos colocasse de volta na estrada. Alguns
poucos metros de volta em nossa viagem, fui obrigado a admitir derrota:
- Ok, você
tem razão.
- Sobre...?
- Sobre o
que nós estávamos falando antes.
- Que
era...?
- Sério
mesmo, pai?! Por que será que eu sou assim, né?!
- Ok, ok, é brincadeira.
Diga aí.
- Não é
questão de precisar das pessoas, nem de garantir liberdade, nem de me sentir
melhor sozinho. Talvez seja o medo de acabar preso com uma vela enguiçada em um
acostamento improvisado no meio do nada. Talvez seja o medo de investir na
pessoa errada de novo. Ou então, talvez seja o medo de não saber para onde eu
estou indo, e de querer poupar outras pessoas de se perderem comigo.
- Quanto
drama, filho. Não precisa disso tudo. Apenas viva sua vida de um jeito que te
traga alegria, e compartilhe isso com as pessoas que você gosta de ter por
perto. E namore uma garota de quem você realmente goste, e não te faça ficar
questionando essas coisas. Se você está pensando tanto nisso, talvez não seja
ela. Mas talvez possa ser se você der uma chance. Eu também não sei. Não sei
tudo. Só sei que não adianta a gente ficar só querendo ser feliz. Às vezes a
gente precisa tentar algo a mais. E se der errado, eu vou estar aqui para te
ajudar. Os seus amigos também. E pelo visto ainda existem pessoas nesse mundo
dispostas a fazerem o bem também. Os Gaúchos e os Augustos por aí.
- Ok, pai,
você tem razão. Obrigado.
- Obrigado,
nada. Faz um favor pra mim. Pega o meu celular aí e liga para aquele número de
0800 de novo.
- Ué, por
que?
- Pra
cancelar aquele guincho. Se me lembro bem, tem que teclar 1 no primeiro menu
que aparecer, e esperar alguém te atender. Mas sem pressa, né? Ainda tem muita
estrada pela frente.
Entre imprevistos, enguiços e 110 músicas daquele pen drive
depois, nós finalmente chegamos em Londrina. Eu disse ao meu pai que aquela
provavelmente foi a melhor viagem que nós já fizemos, e prometi a mim mesmo que
faria aquela experiência contar para alguma coisa. Que eu iria tentar mudar
algumas coisas, para realmente tornar essa promessa de ser feliz e viver bem em
algo real. E que se por acaso eu acabasse preso em um acostamento nos arredores
de Campo Mourão de novo, eu já tinha o telefone do Augusto salvo no telefone.
É. Eu vou ficar bem.