A essa altura da vida, acho
que já posso dizer com propriedade que em matéria de relacionamentos, eu já
reprovei de todas as maneiras possíveis. Quando não foram elas quem abriram mão
de mim, fui eu quem decidiu fugir delas quando as coisas pareciam ter ficado
complicadas demais. E não do tipo de complicação contraditória e atraente com a
qual eu aprendi a conviver. Mas do tipo que faz você se perguntar: “Se não está sendo divertido pra mim, e
aparentemente nem para você mais, então o que estamos fazendo juntos aqui?”.
Quando algo
acaba, independente se isto envolve um comprometimento com alguém ou não, eu me
acostumei a dar sempre a mesma desculpa: eu não estava pronto. Parecia ser uma
justificativa simples para a minha consciência; se eu não sabia exatamente como
agir, como me portar, como responder, é natural que optaria pela escolha
errada. Ou, então, pela pessoa errada.
E como era
de se esperar de alguém que sente como se todas as respostas que deu para
construir a sua vida até hoje foram as erradas, eventualmente eu decidi
abandonar as conferências de gabaritos imaginários que existem por aí. Sempre
atrelados a competições com vidas que imaginava serem melhores e mais suaves
que a minha. Você conhece estas pessoas, provavelmente: são aquelas que sempre
saem sorrindo em fotos, ou fazendo check-in em lugares badalados, com outras
pessoas alegres ao redor, como se a vida fosse mesmo uma grande festa. E talvez
até seja, sabe? Mas isso não muda a sensação que eu sempre tive – de nunca ter
sido convidado para ela.
Bom...
Talvez eu não estivesse pronto.
***
Eu sempre
tive um pouco de medo de ficar sozinho. E em parte, sempre tentei me contentar
com isso. Por que alguém incessantemente melancólico, estressado, orgulhoso,
arrogante, egocêntrico e com o dom natural de tornar tudo o que toca em algo
complicado, deveria arrastar outra pessoa inocente para o meio desta bagunça?
Definitivamente ninguém estaria pronta para isso. Talvez seja melhor parar
mesmo de procurar. Deixar pra lá todos aqueles clichês sobre a pessoa certa, a
hora certa, o lugar certo...
E então você
me encontrou.
***
A maior
inverdade sobre “não estar pronto”
para algo está exatamente em subentender de que existem mesmo momentos
definitivos na vida para que você se arrisque em algo, sentindo que há total
garantia de que dará certo. Não há. Viver é tentar, é lutar, é arriscar. É
sentir medo, ansiedade, incerteza a cada vez que pensamos em dar uma chance a
algo que está fora da nossa zona de conforto. Ou então, dar uma chance a alguém
que está fora de toda a nossa confusão, e que apesar de todos os alertas e
sabotagens da nossa parte, ainda se interessa em querer fazer parte dela. Mais
do que isso; alguém que queira andar de mãos dadas no shopping com você.
E então você
descobre que a vida não tem nada a ver com estar pronto para ela ou não. Mas
estar disposto a tentar mesmo assim... Bom, há algo promissor nisto.
Se tem algo
que ando aprendendo ultimamente, é que entre o abismo que existe entre não
sentir-se pronto e aparecer feliz em fotos com alguém, há um universo de
dúvidas, más impressões e muita, mas muita espera. Mas para quem souber ser
paciente, compreensivo e leal à sua causa, a vida do outro lado pode ser ainda
melhor do que o esperado.
Melhor do que qualquer um de nós poderia pensar que estava pronto para ter.
Melhor do que qualquer um de nós poderia pensar que estava pronto para ter.