Eu estou ficando um pouco
cansado de carregar uma bagagem enorme comigo por aí. De ter uma “longa história” que eu preciso contar
para alguém quando começo um novo relacionamento. Uma longa e aparentemente
interminável história, cheia de curvas inesperadas e personagens infames que,
de uma maneira ou outra, acabaram por intervir no rumo deste que vos fala – o protagonista
– e que conseqüentemente tiveram algo a ver com o modo como eu levo a minha
vida agora. Alguns me acrescentaram, outros me diminuíram, mas independente das
suas participações, sempre que estas se mostram finitas eu acabo me sentindo...
Quite. Isto é, em um primeiro momento. As conseqüências dos nossos atos e dos
que outros tomaram sobre nós só vem à tona com o passar do tempo. Ou, neste
caso, nos próximos capítulos.
Como se cada
uma dessas pessoas que vieram e se foram, por serem infelizes na sua existência
ou porque eu decidi que estava na hora de rescindir seu contrato, tivessem
feito parte do arco principal de uma temporada. Mas devido à pobre audiência
que atraíram em mim, acabaram por terem suas participações encerradas. E como
não poderia deixar de ser, geralmente acaba sendo de uma maneira dramática – “Nós não podemos continuar nos enganando
deste jeito! Precisamos terminar! E não me procure mais!” – ou até mesmo em
forma de cliffhanger – “Até a próxima...” Tem até um pessoal que
sumiu sem explicação, mas que no final das contas não atrapalhou em nada o
enredo.
Enfim, a
vida não é uma comédia romântica. Nem um seriado à espera constante de uma
reviravolta que traga ação, aventura, suspense e situações irreverentes para
serem resolvidas a cada novo episódio. A vida é só... A vida. Com dias em que
parece não haver nada pra fazer a não ser definhar no sofá em frente à
televisão, e dias em que 24 horas parecem pouco para dar conta de tudo que
precisa ser feito. Isso acontece. Mas voltando ao rascunho do episódio de hoje,
as vezes em que a minha “longa história”
precisa ser contada sempre me deixa enjoativamente nostálgico. Ao ponto de
tentar relembrar em qual ponto da história um erro foi cometido que mudou toda
a trajetória da trama.
Mas as
pessoas vem e vão, assim como as situações-problema. Há quem diga que tudo
serve para, no mínimo, guardar na experiência. Essas pessoas provavelmente são
autoras de best sellers extremamente
bem sucedidos, enquanto eu me enquadro na categoria mais obscura da biblioteca
sob a sina de cometer o mesmo erro – geralmente com a mesma pessoa – umas
quatro ou cinco vezes até que todo o nosso afeto se resuma a um único tom de
cinza. Independente disso, eu não me sinto tão constrangido para recontar a
minha longa história para uma potencial pretendente/coadjuvante em ascensão:
ela precisa saber como eu me desenrolei ate aqui, e é bom para que eu mantenha
em mente que apesar de tudo o que passou, tudo
passou.
Agora vire a
página, dê um parágrafo e comece de novo.
*Escrito em 17/02/2015.