*Escrito em 27/04/2014.
Se por acaso você veio até aqui
com a expectativa de encontrar uma resposta pronta, pare de ler, feche esta aba
e volte para o Facebook. Porque eu não tenho as respostas, e talvez nem esteja
tão perto de encontrá-las quanto eu gosto de pensar. A verdade é que talvez nem
existam as respostas certas, ou erradas, ou meio-certas mas que servem para
você passar de ano na média. Por mais que eu não saiba dizer o que exatamente é
o amor, da onde ele vem ou do que ele se alimenta, eu também não preciso
esperar pelo Globo Repórter para
aprender que um sentimento tão grande como este não cabe em pequenas
definições, por mais que seja composto de apenas quatro letras. Quatro letras
com uma promessa imensa. Basta só você encontrar alguém com quem possa
compartilhá-las. E que este alguém te entenda.
Mas
ultimamente eu tenho me sentido bem mais esperançoso do que em meus últimos
devaneios transcritos que despejei aqui. Que eu vivo escrevendo sobre amor,
expectativas, esperanças e sonhos, todo mundo sabe. É o que me move quando eu
saio por aí, mundo afora, com meus fones de ouvido no máximo e meus óculos
escuros que escondem parte do meu rosto e, convenhamos, algumas lágrimas
também. As coisas não estão fáceis, mas se for parar pra pensar, quando foi que
estiveram? Quando foi que eu realmente senti que a minha vida estava em
completa ordem e disposição? E por que isso seria automaticamente algo bom?
Neuroses a
parte, eu gosto dos meus problemas. E eu gosto de toda a calamidade que eles
proporcionam, exatamente porque eles são meus e precisam de toda a atenção que
puderem receber. E aí eu sento, choro, escrevo, sonho, reflito, rezo e imploro
por dias melhores... Talvez não seja o sistema mais eficaz de todos, e por mais
que os dias melhores pareçam tão distantes às vezes, eu deveria ser mais
agradecido pelo fato de que eles não chegam todos de uma vez. Não. Eles chegam
aos poucos, um após o outro, conforme a vida percebe que precisamos de um pouco
mais de incentivo para levantar da cama de manhã e continuar tentando organizar
todos esses sentimentos que passam a maior parte do tempo espatifados no chão
do que arrumados e guardados nas suas devidas estantes. E eu estou começando a
entender que isso é bom, e que é assim que as coisas tem que ser mesmo.
Eu conheci
muitas pessoas novas este ano, e cada uma delas entrou na minha vida carregando
sua própria história, suas próprias lembranças, medos e esperanças sobre o
futuro. Mas nem todas ficaram, e eu entendo que nem todas poderiam. Por mais
que eu também goste de pensar que sou um ser humano neurótico e invariavelmente
contente, não há muito espaço para as teorias de conspiração e crises
existenciais de outras pessoas. Mas as que ficam, as que grudam, as que eu
gosto de saber como estão indo, essas eu faço questão de arrumar algum espaço,
por mais que a minha vida fique ainda mais bagunçada quando eu empurro todas as
minhas inseguranças para algum canto, para que a gente consiga se sentir
confortáveis dentro desse mesmo coração.
Mais vezes
do que deveria, eu penso que viver um relacionamento não está nos planos dos
dias melhores que estão por vir. Porque as pessoas são difíceis, sentimentos
são complicados, compromissos são pesados, e amar é algo incomensuravelmente difícil.
E quando a minha linha do tempo do Facebook começa a se encher de fotos de
casais felizes, e amigos meus me ligam para dizer que estão noivos e querem que
eu seja o padrinho do casamento, e eu pareço ser o único em um jantar que não
tem uma desculpa plausível para explicar porque a cadeira ao meu lado está
vazia, eu baixo a guarda e admito que o amor pode até ter os seus desafios e
suas decadências... Mas se todos esses casais, essas declarações, essas mãos
dadas no shopping, e esses sorrisos que aparecem durante beijos por aí
significam alguma coisa, é que aquelas quatro letras podem até possuir um
significado muito complexo e pessoal, mas que definitivamente vale a pena
correr atrás.
O que é o
amor para mim então? É o que eu sinto pelos amigos que convivem comigo, e tem
descoberto constantemente o quanto eu posso ser tão irritante e difícil quanto
eles, mas que continuam do meu lado por mais que já tenhamos dado todos os
motivos do mundo para desistirmos uns dos outros. É o que eu sinto pela minha
família, que me motiva e me inspira com a mesma proporção em que me abala e me
destrói na velocidade de um almoço de Domingo. Mas principalmente, é o que eu
sinto por mim, e por cada peça que compõe o quebra-cabeças do meu coração
cansado e desgastado, mas que é digno de ser dado de presente para outra pessoa
que também se importe o bastante para me retribuir com o dela.
Claro que o
amor também pode ser receber aquele abraço apertado depois de um dia difícil,
de uma pessoa que te conhece o bastante para saber que você não precisa nem
pedir por isso, porque seus olhos já delatam a sua tristeza. Pode ser o empenho
que você coloca ao planejar uma festa de aniversário para alguém, ou passar
frio em uma mesa do lado de fora do bar só porque você não quer que aquela
conversa acabe, ou trocar mensagens no WhatsApp o dia inteiro, ou passar horas
no telefone com aquele alguém de madrugada, só porque ouvir a voz dela é mais
relaxador do que simplesmente ir dormir. Pode até ser a sensação que você tem
ao abrir a geladeira e descobrir que sobrou pizza da noite anterior, e que você
não vai precisar ir ao supermercado para providenciar o seu almoço. Pode ser
tudo isso em muito mais, porque ninguém ama igual a outra pessoa, e cada um de
nós vem completo com sua coletânea de sentimentos que enfeitam as estantes da
nossa casa e da nossa vida, mas que na maioria das vezes sempre deixa um espaço
vazio para que outra pessoa também adicione um volume seu em nossa coleção.
Acho que o
que eu estou tentando dizer é que, apesar de não estar em um relacionamento e
das coisas não estarem tão boas assim, ainda existe tanto amor em mim nesta
vida que, em vês de sentir falta, eu tenho mais a agradecer.