Foz
do Iguaçu. População: aproximadamente 263.647 habitantes conforme as
estatísticas do IBGE, desde a última vez em que alguém atualizou este artigo na
Wikipedia. E desde 27 de Julho de 2015, 263.647 habitantes, mais 01 Igor.
Seja
bem vindo à terra das Cataratas! Boa sorte para agüentar o calor.
Já
faz um mês que tudo mudou. Ou mais precisamente, faz um mês que um caminhão de
mudanças trouxe a mim e os meus pertences para a beira do país, junto com a
minha esperança de que tudo mudasse. Demoraram alguns dias para que cada coisa
encontrasse um novo lugar, e que algum esboço de rotina fosse construída, mas
definitivamente ainda levará mais algumas ondas diárias de calor até que eu
possa dizer que me sinto mesmo em casa.
O
começo das coisas é decepcionante e desencorajador. É como finalmente decidir
começar a assistir “Game of Thrones”
depois de já terem produzido cinco temporadas e dos meus amigos que já
assistiram me avisarem a não me apegar a nenhum personagem porque todo mundo
morre. Bom, se eu fosse levar isto mesmo a sério, a vida como um todo não é
assim também?
Isto
não deveria me impedir de trilhar o caminho. Mas o começo... Ah, o começo. É um
saco. Também foi assim com “Breaking Bad”
e “House of Cards”. E pelo jeito
serializado que ando levando a minha vida – especialmente após os finais de
temporada da faculdade e do meu tempo em Cascavel – provavelmente será assim
também com Foz do Iguaçu. Walter White não se tornou o fodão da metanfetamina
em uma temporada, nem Frank Underwood usurpou o poder de todos que estavam
acima do seu cargo em Washington em 13 episódios. Foi preciso controlar a ansiedade
para continuar assistindo, e mais de uma temporada para que os personagens e a
história em si se consolidassem em algo mais palpável do que meros roteiros.
Roteiros que, em termos de vida, podem ser traduzidos como planos. Que são só o
que tenho por enquanto.
Sobre
a cidade eu já conheço um pouco. Mesmo sem grandes progressos, muita coisa pode
acontecer em uma temporada. E em um mês de vida real já consegui visitar marcos históricos, corri por quase toda
a Avenida República Argentina (e
avisei alguns quatis pelo caminho, o
que pode ser considerado normal pelos Iguaçuenses mais habituados), presenciei
o show de iluminação da barragem da
Itaipu à noite, e expandi minha cultura gastronômica por alguns restaurantes temáticos – mas sem abrir
mão de uma pizza às vezes. Me
decepcionei ao ir até o Duty Free na
fronteira da Argentina para comprar mashmallow e não encontrei, então segui em
frente até Puerto Iguassu – porque
pelo jeito que as coisas andam, é mais barato dar um pulo até o país do lado
para comprar azeite e dar sorte de encontrar as últimas garrafas de Pinot Noir
em um mercadinho, do que me desfazer de preciosos reais em território nacional.
E o mais surpreendente de tudo: em apenas um mês eu já consegui decorar meu
próprio CEP.
Ah,
e clareei minhas idéias sobre o que quero fazer da minha vida, etc, etc. Fiquei
empolgado mesmo em saber dizer aonde moro com todos os números possíveis, caso
algum quati me ataque quando for sair pra correr e invoque algum deles sem
querer. Porque estamos falando de Foz do Iguaçu, minha gente, e tudo é
possível.
Minhas
metas são claras:
1) Reaprender
a viver em família, porque depois de seis anos de independência juvenil em
Cascavel, é difícil se adaptar a regras e disciplina – ainda mais quando se
mora em um condomínio;
2) Cursar a
faculdade de Jornalismo (até o fim desta vez), e trilhar minha carreira
profissional desde o primeiro dia – como uma professora de psicologia me
ensinou em minha primeira graduação que é como faculdades devem ser encaradas,
caso queira-se fazer um futuro delas;
3) Aproveitar
tudo o que a terra das cataratas pode oferecer em termos de cultura e turismo –
sem correr o risco de pegar insolação ou causar algum incidente internacional
ao encher a cara e cruzar a fronteira de algum país próximo – o que,
convenhamos, pode acontecer.
Como
um todo, eu posso dizer que este primeiro mês foi produtivo. Do jeito que a
primeira temporada de uma série estreante deveria ser. Criar a base para
eventos futuros e semear plots para crescimento pessoal:
confere. Quero fazer com que isto dê certo, mas como já escrevi em outro blog –
um “amanhã” atrás –
nada acontece da noite pro dia; mesmo quando se está próximo de duas zonas
francas internacionais diferentes. Diante do resto da minha nova vida pela
frente, algo permanece constante: vai ficar tudo bem – repetiu ele, incrédulo, até realmente acreditar.
Agora
é com você, Foz do Iguaçu: prove que
valerá a pena.