A
cada dia que passa, eu tento me situar um pouco mais com a minha nova
realidade. Uma realidade que, neste caso, envolve Foz do Iguaçu: uma das
cidades mais dinâmicas em termos de turismo, cultura, entretenimento e
possibilidades de vida em níveis internacionais. São tantos restaurantes, casas
de shows, museus, parques temáticos, maravilhas da natureza... Que às vezes eu me surpreendo um pouco com o
quanto eu fico entediado em casa.
Porque,
sinceramente, viver cansa. Explorar novos lugares pode ser trabalhoso. Provar
novas cozinhas pode ser caro. E ter novas experiências tem lá a sua famigerada
margem de erro. É fácil arquivar algo como “experiência” depois de
ter passado por momentos de desgosto e estresse. Mas a minha meta hoje vai além
de tudo isso. Minha meta hoje é de aprender a ser feliz, tranqüilo e grato pelo
que eu tenho: uma oportunidade de recomeçar, o tempo e a infra-estrutura o
suficiente para fazer isto.
Isto
é, até aquele teste.
***
Dia
desses eu fiz um teste online sobre traços de personalidade e sabotadores
mentais que anulam a sua inteligência, dentre outras palavras-chave muito
atraentes que me seduziram a clicar em “aceito sem ler os termos deste teste que
pode ou não coincidir com uma resposta que você procura neste momento”.
E de acordo com nossas análises, Igor, clique neste outro link e leia em preto
e branco os resultados que obtivemos através do nosso longo e repetitivo
questionário sobre como você lida com estresse, situações-problema e outras
neuroses cotidianas. E ainda geraram os resultados em inglês, para dar mais
credibilidade na nomeação dos meus déficits.
Enfim,
a aleatoriedade do questionário – que, devo deixar claro, não influenciam em
nada na sabedoria milenar que envolve a produção de biscoitos chineses da sorte
– decidiu que o meu problema é o excesso de autocrítica, mas em um sub-nível
diferente: a hiper realização. A necessidade constante de atingir novas
conquistas e de, conseqüentemente, atribuir a minha auto-estima a elas.
O
que fez todo o sentido para mim hoje, que vivo em uma cidade que comporta
inúmeras possibilidades e que desperta em mim a constante necessidade de
explorar ao menos uma delas por dia. Porque eu decidi mudar de vida e decidi
que isto deverá valer a pena – o quanto antes, porque meu tédio é inversamente
proporcional à minha ansiedade. Será que isto caberia em uma fórmula ou algo do
tipo?
***
Ok.
Digamos que seja só coisa da minha cabeça, e que não haja nada nem ninguém me
cobrando resultados que aparentemente eu não estou entregando ainda. Seja
através de viver novas experiências ou finalmente cumprir velhas promessas de
ano novo. Eu não sei. Mas em um novo capítulo das minhas irônicas desventuras,
fiz uma limpa na pilha de rascunhos que compõe mais da metade da minha mesa e
encontrei um que me chamou a atenção:
Talvez
fosse mesmo uma crise existencial; a eterna procura por algo a mais, ou o teste
definitivo pelo qual todos os seres humanos eventualmente passam durante o
curso da vida – o da fé. Fosse o que fosse, decidi que valeria a pena dedicar o
meu sábado para explorar outras partes de Foz do Iguaçu, como o famoso templo
budista, na esperança de encontrar mais algum sinal. Mas só o que encontrei foi
o aviso no muro de entrada: horário de funcionamento das 9h30 às 16h30.
E às exatamente 16h36, eu senti que parte da minha fé ficou abalada.
Em
seguida decidi visitar outro templo; a mesquita que reúne a segunda maior
comunidade muçulmana do Brasil... também fechada para visitação.
Por
último, a caminho de volta para casa, passei pela igreja católica matriz – com
uma grande placa que dizia “EM OBRAS”
bem em frente à porta principal. E a essa altura pensei que o problema não
fosse a minha fé, mas a minha falta de planejamento.
***
No
final das contas, eu decidi que meus pensamentos não estavam realmente voltados
para fé, ou o segredo da vida, ou a psicologia da minha inquietação. Minha
necessidade instintiva de encontrar uma resposta satisfatória eventualmente
sossegou com o entardecer e deu brecha para uma nova teoria, representada pela
fórmula abaixo:
***
Independente
dos meus questionamentos, Foz do Iguaçu está fazendo jus à sua proposta
turística de pelo menos levar a minha mente a novos rumos... mesmo que eu acabe
com dor de cabeça em um beco sem saída. Tudo bem; vale como experiência.