Pôr do sol.
Tire os sapatos. Suspire fundo.
O dia
acabou. Prepare um drinque. Coloque um som. Encontre um lugar confortável. O
som ambiente. A ausência da luz. Acenda um cigarro. Uma faísca para perfurar a
escuridão. Observe a vista da sacada do apartamento. A primeira estrela surge
no céu. As outras logo a seguirão.
Que tipo de
dia foi hoje?
***
O que está
acontecendo comigo? Quando foi que os dias se tornaram tão longos? Mas esta
vida é tão curta! Prepare outro drinque. Tome outro suspiro. Relembre como tudo
começou. Como chegou até aqui. Amanhã é outro dia...
Outra coisa?
Outra vida.
De onde veio
aquela estrela? Para onde ela vai? Para onde você vai? Por que a música parou?
Acabou o CD. Mais uma vez.
Um dia você
também vai parar. Haverá outra vez? Não sei dizer. Não pense nisso. Não pense
em nada. Por que não fecha os olhos? O amanhã não pode esperar?
Por onde
você anda, meu bem?
***
Chega disso
tudo. Não toque nessa garrafa. Não acenda outro cigarro. Não olhe para cima. Há
algo no céu? Está tudo escuro. Quer dizer, estava.
Há algo no
horizonte. Algo que já vi antes. Não estou preparado para isso. Mas não depende
de você. E as olheiras serão sua herança.
***
Nascer do
sol. Coloque os sapatos. Suspire fundo. Não existe mais amanhã.