Chegou a
época do ano de promessas, resoluções e outros band-aids que inventamos para
justificar nossas desventuras durante os últimos meses. Sabe né? Algo que não
acontece desde a última vez em que paramos nesta parte do ciclo. E não é com
alguma inspiração súbita sobre fazer do próximo ano o melhor da minha vida que
eu pretendo deixar 2015 porque, convenhamos, você e eu sabemos que a expressão
“margem de erro” não foi criada a toa. Sempre haverá uma parcela de desenganos sob
as quais todos nós estamos fadados a repetir, desde as hesitações para
atravessar uma rua pensando que “ah, dá tempo!” (até descobrir que não, não
dava), até jurar que levará a sério aquele projeto verão que teve que ser
engavetado devido às normativas secundárias que entraram em vigor junto com o
novo rito do impeachment.
E são graças
a esses pequenos desvios padrões que todos nós temos na nossa curva em direção
à tão sonhada maturidade que nos permitimos um pouco de ilusão de ótica,
misturando frisante e esperança ao som dos rojões à meia-noite para que quando
chegar a manhã seguinte – que é realmente quando consideramos que um novo ano
começou. Pois enquanto a festa de réveillon continuar, ainda vale tudo.
Regeneração é todo um processo que deve ser celebrado até quando a meta é
diminuir nas doses, entende?
Quanto a
mim, meu objetivo é claro: haverá mudanças, bem como sempre há em qualquer dia
de um novo ano que começou. Mas em vês de focar em colocá-las em prática
imediatamente – o que pode ser complicado, considerando que o almoço do dia
primeiro tende a ser uma continuação das frivolidades da festa de réveillon, e
a verdadeira ressaca do ano que mal terminou, mas ainda está entre nós cobrando
seus revés – eu optei por um procedimento mais simples: o da eliminatória. Se
haverão erros pela frente, de que adianta jurar que nenhum deles absolutamente
não acontecerá até acontecerem? O segredo está em juntar o máximo de maturidade
possível e decidir de uma vez por todas quais erros você quer mesmo deixar para
trás.
Tudo o que
eu quero para o ano que está por vir é uma consciência tranqüila que me guie
por doze meses sem me perder pelo caminho para que, no mínimo, eu chegue até a
próxima festa de réveillon com os arrependimentos certos. E o melhor jeito de
fazer isto é deixando para trás a maior bagagem que ainda arrasto comigo: o
peso de relacionamentos passados que terminaram mal, tornaram-se incógnitas ou
sequer começaram.
Talvez a
melhor maneira de tornar-se uma nova pessoa neste novo ano, como tantas propagandas
de panetone e lojas de departamentos esperam de nós desde que as mantenhamos
por perto, seja finalmente deixando as pessoas erradas para trás. E acho que se
eu for capaz disto, é possível que emagreça o suficiente para me motivar a
continuar me exercitando depois que o cheiro de ano novo dissipe durante a
segunda quinzena de Janeiro.
Um brinde!