sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Os arrependimentos certos


Chegou a época do ano de promessas, resoluções e outros band-aids que inventamos para justificar nossas desventuras durante os últimos meses. Sabe né? Algo que não acontece desde a última vez em que paramos nesta parte do ciclo. E não é com alguma inspiração súbita sobre fazer do próximo ano o melhor da minha vida que eu pretendo deixar 2015 porque, convenhamos, você e eu sabemos que a expressão “margem de erro” não foi criada a toa. Sempre haverá uma parcela de desenganos sob as quais todos nós estamos fadados a repetir, desde as hesitações para atravessar uma rua pensando que “ah, dá tempo!” (até descobrir que não, não dava), até jurar que levará a sério aquele projeto verão que teve que ser engavetado devido às normativas secundárias que entraram em vigor junto com o novo rito do impeachment.

E são graças a esses pequenos desvios padrões que todos nós temos na nossa curva em direção à tão sonhada maturidade que nos permitimos um pouco de ilusão de ótica, misturando frisante e esperança ao som dos rojões à meia-noite para que quando chegar a manhã seguinte – que é realmente quando consideramos que um novo ano começou. Pois enquanto a festa de réveillon continuar, ainda vale tudo. Regeneração é todo um processo que deve ser celebrado até quando a meta é diminuir nas doses, entende?

Quanto a mim, meu objetivo é claro: haverá mudanças, bem como sempre há em qualquer dia de um novo ano que começou. Mas em vês de focar em colocá-las em prática imediatamente – o que pode ser complicado, considerando que o almoço do dia primeiro tende a ser uma continuação das frivolidades da festa de réveillon, e a verdadeira ressaca do ano que mal terminou, mas ainda está entre nós cobrando seus revés – eu optei por um procedimento mais simples: o da eliminatória. Se haverão erros pela frente, de que adianta jurar que nenhum deles absolutamente não acontecerá até acontecerem? O segredo está em juntar o máximo de maturidade possível e decidir de uma vez por todas quais erros você quer mesmo deixar para trás.

Tudo o que eu quero para o ano que está por vir é uma consciência tranqüila que me guie por doze meses sem me perder pelo caminho para que, no mínimo, eu chegue até a próxima festa de réveillon com os arrependimentos certos. E o melhor jeito de fazer isto é deixando para trás a maior bagagem que ainda arrasto comigo: o peso de relacionamentos passados que terminaram mal, tornaram-se incógnitas ou sequer começaram.

Talvez a melhor maneira de tornar-se uma nova pessoa neste novo ano, como tantas propagandas de panetone e lojas de departamentos esperam de nós desde que as mantenhamos por perto, seja finalmente deixando as pessoas erradas para trás. E acho que se eu for capaz disto, é possível que emagreça o suficiente para me motivar a continuar me exercitando depois que o cheiro de ano novo dissipe durante a segunda quinzena de Janeiro.


Um brinde!